sábado, 9 de janeiro de 2010

Don't let me down

Foi numa noite de calor enquanto deixava pratos na pia para serem lavados depois, talvez no dia seguinte, que ela se deu conta do seu estado de espírito. Nunca havia se sentido tão comum como naquele momento... não sei nem como explicar o que ela sentiu.
Pela sua expressão parecia que tinha feito uma mistura entre cansaço e surpresa.
Colocou um cd antigo de música clássica no rádio, dez músicas, aproximadamente uma hora entre suspense e tranqüilidade, ou uma dessas sensações que a música nos dá.
Não sabia como identificar o rosto no espelho, Será que realmente sou eu? ela pensou, como não seria? Se fosse outra pessoa, quem seria e porque estaria olhando para ela?
Seus olhos saltaram pela face como duas bolas branco-castanhas, sua boca distorceu uma careta. Impossível! Agora ela não acreditava mesmo ser o que refletia no espelho. Para onde foi a cicatriz? Talvez depois de tanto tempo já tenha sumido... não era ela, não podia ser.
No dia seguinte, quando acordou, se deparou com aquele rosto no banheiro. Mas ora bolas! Não se tem mais privacidade.
No vidro dos carros, nas poças da rua, no shopping, para onde ia ela ia atrás, do lado, na frente. Mas não era ela.
Não era porque o destino do narcisoserhumano é não se ver do jeito que se é.
Já se foram tantas palavras e eu não consegui te dizer que ela não era ela, nem mesmo diante do espelho.




Pois é.

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