domingo, 24 de janeiro de 2010

Anos...

Eu fecho os olhos e coloco as mãos sobre as teclas, elas se apoiam como se fossem descansar, mas de repente elas deslizam e percorrem de um lado a outro se deliciando com os toques do teclado. A única forma de sossegar a mente é escrevendo.



Devo ser uma velha que já passou dos oitenta há muito tempo, que senta na cadeira pra bordar e coloca na radiola alguma coisa do Elvis Presley pra ouvir. E aí lembra o tempo gostoso em que subia em árvores, namorava atrás do parquinho, tempo em que pensava na vida como algo que nunca acabaria - Ah, que tempo bom! - imagina então coisas que não chegou a fazer, da novidade que foi ver a fotografia da primeira pegada do homem na lua, do abraço que não deu, do enterro que não foi, daquela amiga do primário que nem sabe mais dizer se está viva.

Eu sou uma velha pra lá dos oitenta que senta no canto e apoia o queixo nas mãos pra ouvir o som melancólico da idade.

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