domingo, 14 de setembro de 2008

...E fez-se o desejo (?)... [atividade de port.]


O desejo foi e sempre será ‘o fruto proibido’, aquilo que nem sempre está ao alcance, mas que desperta em todo e qualquer ser humano as mais diversas sensações, que freqüentemente estão entre os sete pecados capitais, provocando o medo e conseqüentemente aumentando a vontade.
Surgindo do não tão profundo abismo do ser humano, o desejo, advindo da insaciável busca interior por algo, causa guerras, miséria, consumismo ou conhecimento.
Atualmente o desejo é criado a partir da programação que a televisão transmite antes e após o horário político.
Comprar batom, computador ou celular, entre tantos outros produtos, vem se tornado cada vez mais o desejo ardente e pulsante nas pessoas, se anteriormente o homem queria apenas voar, hoje ele não se limita em ir à lua, é necessário um novo celular que funcione além da Terra para falar com a família quando chegar lá.
“Uma mentira contada mil vezes se torna uma verdade”. Não há necessidade, existe apenas o produto tornando-se necessário mesmo sem utilidade, lançado na maioria das vezes pela mídia.
O desejo que produz tantos outros míseros desejos é explicado pelo grande capital, que cria e anuncia tudo aquilo que se torna imprescindível.
O fruto proibido não produz mais conhecimento, e sim retardamento de possíveis grandes mentes.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Desabafo do autor...

Quanto mais a pessoa reclama mais a mente trabalha, pelo menos para criar mais reclamações.


Uma praia. Poderia ser em uma praia ou em qualquer outro lugar.

Quem sabe no deserto com suas grandes dunas ou na praça com seus bancos e pombos.

Mas acabou acontecendo no tal quarto com grande janela.

A qualquer hora coisas acontecem, mas sempre que é noite causa mais temor, mais tristeza e mais saudade da luz do sol que mesmo sem querer sempre afasta a maioria dos medos.

A lua já estava alta no céu acompanhada da escuridão.

Embaixo dos lençóis uma criatura humana escondia seu corpo e mente das suas próprias invenções.

Coisas impossíveis serão realmente improváveis de acontecer?

Enquanto não olhava para a janela sabia perfeitamente que havia ali algo a lhe observar. Algo que balançava as cortinas junto com o vento e repuxava seu pescoço.

Além do limite em que os tais olhos deveriam estar passou um avião com um quase extinto facho de luz a sua frente. Olhos fixos à janela.

Nas noites mais escuras até as coisas simples viram filme de terror.

Quando o medo é grande o estômago vira, a cabeça pesa, um frio corre pelo corpo como se um grande cubo de gelo estivesse sendo formado em torno e não importa o que faça se não tiver que proteger alguém o medo consumirá por completo.

Do lado de fora próximo ao vidro um pequeno buraco se formava no ar.

A janela havia emperrado e da pista um homem alto e coberto por um grande pano vermelho brilhante vinha na direção. Não fechava. Os olhos pareciam agora mais nítidos e brilhantes mesmo não sabendo onde estavam, até porque pareciam ser invisíveis.

Encostou-se ao lado da janela. O medo estava se apossando. E o espaço da fissura no ar para o vidro se tornara ínfimo. Restava agora tomar cuidado, debruçar significaria cair. Cair?


Não sabia como via tudo isso se estava embaixo das cobertas.

Talvez sejam seus próprios olhos, os olhos da alma ou do mundo dos sonhos.


...escrever seria o pior vício se não fosse tão louvável...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

ainda faltam estrelas no céu...

...Sei que vou sentir falta disso tudo, mas não agora. Não agora...



Debruçada na escuridão da noite observava o telhado da casa à frente, melhor dizendo, a laje da casa à frente. Até que uma sombra entre tantas sombras me fez ter um sobressalto, havia um grande ladrão abaixado na pilastra lateral ao telhado ou ao menos foi o primeiro pensamento que me ocorreu.
Apaguei a luz.
Como se isso fosse adiantar de alguma coisa já que ele deveria estar ali há um tempo e não surgido em um passe de teletransporte.
Continuei parada e com a luz apagada.
Observava o menor movimento daquele ser. Minha mente formulou trocentas e uma formas de me livrar da situação, mas as pernas não saiam nem do lugar, nenhum dos planos funcionariam assim, apelei para o plano B e segui fielmente, afinal o plano B se resumia a ficar na situação atual.
Pulou entre as pilastras da laje.
“Ah, meu deus (nessas horas é imprescindível chamá-lo) não deixa esse sem vergonha parar aqui!” – se sacudiu e derrubou uma telha que se espatifou com um estrondo.
Assustou-se.
Eu já listava, porém, todos os móveis de valor que poderiam ser levados, mas para minha surpresa o meu suposto ladrão após a queda da telha abriu enormes asas que reluziram com a lua e voou.
Era apenas um dragão, e eu cá com minhas idéias absurdas.
“A que ponto chegamos, meu deus.”


10º Mandamento: Não temei aos seus semelhantes.
...Isso deveria estar no livro mais vendido do mundo ...