segunda-feira, 30 de junho de 2008

..também quero voar... >.<

...e lentamente tudo parecia girar ao meu redor...



Olhando a vista do pico da montanha, sentada embaixo de uma árvore seca e de galhos pontudos, parecia que o pequeno vilarejo situado próximo ao Grande Lago, que lembrava mais uma piscina com seu formato retangular, estava calmo e silencioso e a menina que outrora atravessara a janela prendia os cabelos que desciam pela face turvando a vista.
Uma borboleta do tamanho de uma toalha de banho passou rente aos galhos secos e voava lentamente próximo a grama enquanto descia a montanha, a menina disparou em seu encalço e com um baque que fez a borboleta se bater nos galhos mais próximos se jogou em suas asas.

Nunca havia sido tão gostoso voar nas asas de uma borboleta, tirando o fato do pólen que insistia em cair nos seus olhos e entrar pela boca no menor suspiro.

Quanto mais próxima estava do vilarejo, mais silencioso este se encontrava como se todo o som das pessoas, do vento, dos animais tivessem se esvaecido.
Desceu da borboleta e sacudiu a roupa que agora estava verde bandeira de tanto pólen agregado, caminhou até o Grande Lago e subiu em uma pequena canoa que flutuava perto da margem, e como se estivesse sendo puxada se dirigiu ao centro do lago.
Esticando as mãos para a água a menina retirou um fio quase transparente e que fez a água se afastar e deixar um espaço de onde saia uma longa escada, como um túnel...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

... a vida é feita de pensamentos ...

...Quem dera se eu pulasse a fogueira da hipocrisia...

[...]
Faz tempo que deixei de freqüentar o salão de pensamentos, lugar onde as idéias voam e portas e janelas se abrem pra uma planície onde os mais loucos sobrevoam e pousam.
Lá, onde correndo contra o vento agarramos as idéias mais sem sentido que poderíamos imaginar.
O vento às vezes afasta os pensamentos pra longe e voltamos pra casa com a mente vazia, povoada apenas com as canções.
O que seria do ser humano sem as canções?
A música é a essência da alma e é dela que a gente se alimenta.
[...]

...de pensamentos e histórias soltas eu faço a minha vida...

Talvez o salão de pensamentos seja como aqueles de baile onde as janelas são cobertas por cortinas douradas com bordados azuis e esmeraldas, e cada uma delas desemboque em um lugar diferente.

Quem sabe uma janela não leve a outra que leva a um outro salão.


[...] com um vestido longo de magas curtinhas vi pela porta entrar, deixando em seu rastro um caminho de pérolas transparentes, e correr ao som do farfalhar das folhas na direção de uma janela coberta por uma cortina antiga de porte majestoso.


Entreabriu a janela, segurou o vestido e pulou.


Por causa do vento o pano continuava a balançar e me deixava ver um pedaço do que ia além.


Um caminho, um bosque, som da cachoeira ao longe e uma brisa que anunciava o inicio da noite soturna e misteriosa. Ao longe ainda podia-se ver o vulto do vestido de um verde musgo correndo e desaparecendo entre as árvores [...]


domingo, 8 de junho de 2008


Ping ping pingt plict ping ping ping plict pingt.

E da janela eu via a chuva aos poucos cair lá fora aumentando cada vez mais a freqüência de pingos que deslizavam no ar e se batiam nas folhas antes de alcançar o chão.
Uma criatura, tão pequena quanto as gotas da chuva, flutuava lá fora. Me estiquei na janela para ver melhor, mas ela subia e descia por entre as folhas que balançavam com o vento trocando de direção.
Num dado instante, porém, o vento foi mais forte e ela se desprendeu das folhas voando entre as gotas. Plict ping plict ping, e a menina do tamanho de uma unha envolta em um tecido verde cana que mais parecia musgo, saltava agora nas gotas de chuva enquanto era levada pelo vento.
Quando já se encontra a uns três metros do solo, o vento se tornou mais suave e ela começou a descer como uma folha de papel enquanto tentava se desviar das gotas, uma, porém veio certeira em sua direção e caiu direto na cabeça, após essa vieram mais outras e a criaturinha sem ar morria afogada enquanto flutuava em direção ao chão alagado pela chuva.
Me estirei na janela para tentar aparar-lhe a queda, não adiantou, passou entre meus dedos e se espatifou no chão desacordada afundando na água empoçada.


Fui molhada pela chuva assassina.


É nisso que dá ver seres que não existem.