sábado, 2 de julho de 2011

Em tempo de maré cheia

Tem dias que tudo parece cair sobre nossas cabeças, definitivamente tudo. Não importa realmente se elas estão caindo sobre nós, o que importa é que nesses dias qualquer alfinete nos espeta como um espeto de churrasco atravessando a sola do pé e se um tornado aparece é o fim do mundo, juízo final logo após.

Às vezes não há nada caindo sobre nós, mas não é isso que vemos. Mesmo depois de jogados à água fria das ondas parece que queremos remoer as alfinetadas, as tristezas permanentes.

Minha voz interior é sólida como o barulho de um tambor e quando ressoa dá a mesma sensação de ouvir um avião passando. Essa voz não diz nada por dias, não fala por que não há o que falar... Durante esse tempo eu sou apenas eu, somente eu. Às vezes qualquer coisa acontece, basta apenas que meu espírito se feche e esmoreça como uma planta sem água e então a voz de tambor surge. Não diz nada, mas eu sinto dentro de mim e é ela que amarra a minha garganta em um nó.

Nesses dias eu me afogo em pensamentos entorpecidos que se debatem e formam ondas gigantescas, elas sobem o mais alto possível e depois arrebentam na praia. Eu estou na praia com os pés fincados na areia e as ondas vêm e vão quebrando com a força da natureza, da minha natureza.

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