terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A flor.

Quando se é criança a vida passa como se fosse um dia quente e ensolarado e por algum motivo é necessário subir uma ladeira correndo. Os anos vão passando e a gente continua correndo pela ladeira, o suor escorrendo pelo rosto, a camisa já encharcada, mas enquanto corremos o vento vai batendo e o calor se mistura com uma sensação quase agradável. Depois de muito tempo nós paramos pra recobrar o fôlego e enquanto nos encostamos em algum poste do caminho sentimos o sangue correndo e o coração acelerado. Nem nos damos conta de quanto já andamos e de quanto já mudamos - mudanças na face e no caminho.

Depois que a infância se dissolve no suor às vezes o tempo muda, mas sempre estamos a correr pela ladeira; cada um corre de um jeito, no seu tempo.

Quando as pernas não aguentam mais e paramos para um novo descanso já estamos longe, há um silêncio que não atrai o nosso olhar para trás.

Voltamos a correr, mas sabemos que o passo de agora é a caminhada de antes e que não agüentamos mais o suor que escorre pelas costas.

A ladeira é alta, a corrida longa.

Uma hora não haverá mais pernas fortes e robustas e então sentaremos, olharemos para trás e iremos nos deparar com um jardim de girassóis, um vasto jardim onde a flor mais bonita será você e por algum motivo voltaremos a sentir a sensação estranha e boa do vento passando por um rosto suado.

Nenhum comentário: