terça-feira, 17 de novembro de 2009

A verdade sem impurezas.


Eu ia deitar e fechar os olhos um minuto, mas de que adianta se eu continuo pensando?! Acabo é escrevendo, pelo menos eu deito nas letras.






Aconteceu sábado. Pela terceira vez e por motivos diferentes ela foi naquele mesmo lugar e aparentemente fazer a mesma coisa. Naquele dia, com céu de um azul claro e floquinhos de algodão, ela resolveu sentar em um lugar mais reservado.

Nunca havia visto tanta criança alí, e ficou observando.

Mexeu em alguns papeis quando de repente ouviu uma música. Uma música entre cortada de pausas e retomadas bruscas, mas tão suave; por vezes melancólica.

Não leria mais, ficou a escutar a tal música que pairava no ar e vinha do outro lado do muro. Tinha vergonha de chegar mais perto daquele muro que a separava do desconhecido.

Qual instrumento era aquele?

Que música era aquela?

Quem estava tocando?

Homem? Mulher?

Um vento bom balançava as árvores e a música continuava transpassando os muros e ecoando pelo lugar.

Quatro crianças apareceram.

Um cacheado, outro curtinho, uma de trança e outra de boné. Aparentavam ter entre três a quatro anos e vinham correndo com a intenção de brincar. Um, não lembro mais qual, ouviu a música e disparatou de encontro ao muro, passou pelas plantas e ficou por trás do jardim. As outras três não demoraram a ir.

As quatro crianças fizeram exatamente aquilo que ela gostaria de ter feito. Colaram os ouvidos na parede e ficaram a escutar.

Depois de alguns instantes saíram correndo pra contar a mais alguém o que ouviram.

Ela levantou. Foi disfarçadamente para perto de uma árvore e se encostou ali para ouvir melhor.

No seu pensamento só uma coisa reluzia, as crianças fazem tudo aquilo que as pessoas grandes sentem vontade.







A música emanava no ar um cheiro de terra do nunca.

Um comentário:

Dona Boneca disse...

"As crianças fazem tudo aquilo que as pessoas grandes sentem vontade."

Sim, sim...Deve ser por isso que eu insisto em NÃO crecer!!!!

huheueheeuehe

P.S: "Os loucos e as crianças são os únicos que dizem a verdade. Os loucos são aprisionados e as crianças educadas." (Grafite de Montevideo)