segunda-feira, 24 de junho de 2013

São João 2013

De repente, não mais que de repente...

Uma onda de manifestos surgiu pelo Brasil como o fogo surge quando alguém joga um pito de cigarro em brasa no mato seco. Sentimento de patriotismo exacerbado, como se uma paixão avassaladora invadisse o coração dos jovens, idosos, adultos e crianças. Paixão tão devastadora como amor à primeira vista, parece que nascemos um para o outro sem nem ao menos nos conhecermos, sem saber de onde você veio e para onde quero ir a paixão nos guia.
Sem foco, bandeira ou líderes a onda se espalhou como paixão violenta, e como foi violenta! Com direito a bombas e tiros, pedras e vinagre, caminhadas, facebook e engarrafamentos a paixão nos levou pelo braço traiçoeiramente para trás das grades da prisão física e mental, mas vale tudo por amor.
 'Psicodelicamente' fomos às ruas exigir o que nos é de direito, e sofremos como todo apaixonado sofre. Queremos a cabeça de quem fode com a amada e estupra-lhe os recursos, nos perdemos numa loucura desenfreada e quem irá nos acordar? Quem colocará o chão abaixo de nossos pés? Não sei... Só sei que enquanto a paixão não se definir em amor ou ódio, objetivos e convicções o movimento será como uma onda no mar...






Como já dizia Rita Lee... 
"Baby Baby

Não adianta chamar

Quando alguém está perdido

Procurando se encontrar
Baby Baby
Não vale a pena esperar
Oh! Não!
Tire isso da cabeça

Ponha o resto no lugar"



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Esses dias fui ao Pelourinho e como parte do trajeto está bloqueado devido à Copa das Confederações resolvi fazer o caminho andando. Por mera coincidência do destino no dia estava ocorrendo uma manifestação truculenta no Iguatemi e ao mesmo tempo o jogo do Brasil. Eram gritos de alegria e emoção que exalavam do estádio, enquanto a alguns quilômetros dali a polícia descia o cacete nos manifestantes. Durante o percusso passei por moradores de rua, cracolândias e pelos inúmeros grupos de policiais organizados estrategicamente pelo bairro. Tive o sentimento de estar numa guerra civil pelo porte da guarda armada. Mas e aí?! Eu me pergunto até onde vão os braços do movimento... O que muda para os miseráveis?
Quando grito que polícia é pra ladrão, pra estudante não, de alguma forma sutil proponho que a violência deve ser mantida, mas dai a César o que é de César! Pra classe média violência não... Para a malandragem da rua tudo. De que máquina reprodutora do sistema vieram os malandros da rua?
... E na minha caminhada, quando cheguei no meio da ladeira, o Brasil fez o segundo gol da partida e eu fiquei sem saber quem ganharia no grito, os manifestante ou os torcedores... Quem ganharia o quê nesse investimento de tempo e vida?.

No fundo, que nem precisa ser tão fundo assim, nossas ações não passam de reflexos mal elaborados dos anseios, preconceitos e angústias. Se o movimento é feito (aparentemente) por uma classe média emergente vou rezar para que não esqueçam as raízes e as mudanças de base. 

Mas vamos em frente que depois do primeiro passado é que começa a caminhada!



Sim, eu sou apaixonada pelo platônico e  a favor dos manifestos.



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