quarta-feira, 22 de maio de 2013

Cozinharam meu vizinho


Diariamente retorno para casa no início da noite, abro a porta, tiro os sapatos e sento no computador para repetir o que fiz no dia anterior, ler, tentar estudar e checar emails de cinco em cinco minutos, como se por algum motivo eu fazendo isso estaria conectada ao mundo e naquele exato momento receberia o email que durante as outras doze horas ninguém havia me enviado.
Entre oito ou nove horas da noite sinto o cheiro da maconha queimada pelo vizinho imersa nos compostos voláteis do incenso acendido, mas recentemente isso não tem acontecido. Já faz uma semana que nesse mesmo horário sinto o cheiro de carne humana sendo cozinhada. Não me pergunte como sei que é carne humana, apenas sei, inspirei profundamente aquele odor de epitélio e tecido adiposo em óleo quente e conclui instintivamente.

Já faz uma semana que o vizinho é frito na casa ao lado e eu não fiz nada para impedir, mas agora chega! Chega! Vou à polícia denunciar esse fato anonimamente, é óbvio. Você não acha que eu irei bater na porta e dizer "Oi! Tudo bom? Será que você poderia apenas dar o seu marido de comer aos gatos e jogar o resto no terreno baldio? Sabe, preferia mais aquela fumacinha de fumo e incenso...", com certeza depois disso eu seria a próxima vítima da frigideira e óleo reaproveitado.
Não aguento mais esse cheiro invadindo as minhas narinas todos os dias no meu horário de descanso. Quer cozinhar o marido? Ok, mas que faça isso quando eu não estiver em casa.

Fiquei curiosa para saber o motivo que levou a minha vizinha a cometer um ato tão curioso quanto este... Traição? Dívidas? Estresse? Não sei, só sei que fatos absurdos não impactam mais ninguém.


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