segunda-feira, 13 de junho de 2011

Enquanto o sono não chega




Àquela hora a madruga já estava indo embora, eram quatro da manhã e não havia dormido nada durante a noite de domingo para segunda. Deitou na cama, virou de lado, ligou o ventilador, fechou a janela, deitou no sofá, fitou o teto. Não sabia o porquê de não estar conseguindo dormir. De repente se deu conta que havia tirado o anel, e surpreendentemente, não estava sentindo a falta dele em sua mão, era como se algo estivesse atraindo toda a sua atenção de forma que nem algo tão incomodo (acredite, a sensação do anel preso no dedo levava dias para passar) conseguia lhe chamar a atenção. O que será que será?

Abriu uma página na internet e ouviu um rock melódico enquanto pensava na vida. Desistira de dormir, aquela noite seria dedicada a sentir seus medos, ansiedade, prazeres.


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De uma forma ainda pouco compreendida conseguia passar um ar de confiança que parecia sempre invadir quem se aproximava. Poderia ser um desconhecido na fila do mercado, a prima de um amigo, o vizinho, qualquer um parecia se servir das ondas que supostamente a criatura deveria emanar e passavam a lhe contar em poucos minutos de conversa histórias da vida, temores, sentimentos e, frequentemente, alguma história trágica amorosa. Mesmo depois do fato se repetir inúmeras vezes ainda sentia o mesmo frio percorrer do coração ao estômago e vice versa enquanto ouvia pacientemente uma declaração não dita, um arrependimento amargo ou os sentimentos a muito esquecidos e que não se sabe como ressurgiram à mente.

Às vezes se olhava no espelho, fitava seu perfil e refletia (em todos os sentidos) o que havia de diferente que parecia despertar essa vontade de “confessar” nas pessoas. O espelho não lhe disse nada, ela também não imaginou algo plausível que respondesse a questão.

Concluía sempre, entretanto, que todos temos muito em comum, mais do que imaginamos, mais do que aquilo que podemos imaginar.

Não há nada de novo nisso, mas cada vez que ouvia as palavras vindas de diferentes pessoas sentia o formigamento subir e descer dentro de si, sempre como se descobrisse pela primeira vez.




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