segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pela 203ª vez eu posto aqui... caramba.

Sentado na sua canequinha e jogado às ondas do mar ele ia sem saber pra onde. O vento forte naquela noite formava ondas altas que o faziam balançar de um lado para outro, vez ou outra entrava água na caneca.
Em silêncio ele olhava tudo aquilo, mas não sentia medo, passara por situações piores. No céu algumas estrelas apontavam que não iria chover, isso era bom, não pela chuva, mas é que a noite no mar se faz negra como carvão e sem as estrelas ele se sentia numa imensidão de nada.
Ele não sentia saudade de casa, nem das pessoas, dos lugares nem se lembrava mais... não sorria, não urrava, há tempos não chorava, sabia que ainda tinha coração porque às vezes sentia um vento frio invadindo o seu peito e como se mastigasse sua solidão fazia-o estremecer.

De repente o vento se fez mais e mais forte, mordeu a borda da caneca para se segurar, uma onda enorme e cheia de espuma branca se quebrou deixando-o encharcado. Seus olhos vazios piscaram. Foi, literalmente, um banho de água fria. Virou para o céu, mas as nuvens já haviam completado todos os espaços.
Piscou os olhos e não sabia mais se estavam abertos ou fechados tamanha era a escuridão.
Sentiu um frio no peito que corroía.
Continuou mordendo a beirada da caneca, fechou os olhos e esperou as primeiras lágrimas que não chegaram.




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