quarta-feira, 6 de outubro de 2010

E quando menos se espera a gente enlouquece

Não havia mais tempo a ser perdido quando sentou na cadeira de plástico em frente à tela e repousou a mão no teclado.

Um cérebro em reforma

Todos os pensamentos já haviam rondado a sua cabeça, tinham pego martelos e marretas para construir a tal obra. Há alguns dias virtuais eles planejaram construir algo único, a primeira obra que deveria conter toda a essência humana para se manter durante a virtual eternidade. Bateram, quebraram, colaram, pintaram.

A cabeça já não aguentava mais quando de repente os pensamentos se deram por satisfeitos. A obra estava com uma cor sólida, única e sem degradê. Simples, sem ondulações, como uma folha de papel sem fim no primeiro instante em que se acha livre no ar.

Na tal obra não havia nada.

Indescritivelmente única.

Singular.

Plural.

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Engraçado, eu preciso aprender a pensar... Aprendi a arrumar as palavras, o guarda-roupa, lista de compras, livros, mas não sei arrumar os pensamentos. São explosões em cadeia que eu não consigo segurar.

Buuuuuuuuuuuuuuuuum !

E quando menos se espera a gente enlouquece. Gradativamente enlouquece.

Voltei para casa pensando em escrever sobre as pessoas, a consciência que não conseguimos formar de um dia para o outro, a importância de atitudes mínimas, necessidade de ruminação das informações, essa noção de vida bem vivida que se enraizou na mente humana, e principalmente sobre o abstrato que para mim consegue ser concreto. Não sei o que fiz, mas estou pra achar um adubo mental tal qual o meu, mente fértil, a Deus dará.

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Quando falo tempo virtual me refiro a algo intangível que medimos com a ajuda de um objeto chamado relógio, ou atualmente, celular sem crédito. Acredito que o tempo seja a coisa (não consigo pensar em uma palavra melhor) mais abstrata, surreal e virtual na qual mergulhamos de cabeça. Não se vive sem contar as horas, os dias, etc., por n motivos imaginários e existentes que nos forçam a conviver com algo virtual de forma concreta, como se o segundo que acabou de passar de alguma forma fosse tangível. Oh, não! Ele não pode passar tão rápido!, dito isto me apetece lembrar do dia em que deitei por dez minutos e me pareceu uma hora, dormi uma noite inteira e quando acordei achei que só havia passado uns poucos minutos. É culpa do cansaço, corre-corre, rotina, esse clima que muda todo dia, espaço que nunca tem ... e tempo.

Tempo é a situação virtual mais corriqueira a que podemos nos submeter. A noção de tempo é virtual, imaginária, abstrata, íntima.

Talvez alguém venha me dizer que ando pensando besteiras, há um cálculo antigo que mostra a ação e reação das situações, mas não importa. Talvez outro dia, quem sabe... mas hoje (nesse hoje virtual, imaginário e abstrato) eu quero ficar esperando o depois chegar.


Não há como se libertar. Eu sei e não quero saber.

Um comentário:

ENIO disse...

Tempo, espaço, dimensões e vidas nos circundam.
Quando menos se espera, fomos transformados em reféns, alucinados, sempre na ânsia de querer mais.
O curioso é que quanto mais procuramos, menos temos e torna-se num ciclo, espécie de vício.
Mas viciados em quê?
em Tempo?
Concordo.
Não há como se libertar...
Será que queremos nos libertar???