quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Senta que lá vêm história...


Alguma semelhança é mera coincidência.


Estava debruçada no beiral da janela.

Fazia tempo que a noite não se mostrava tão bela, e com a lamparina acesa folheava as tantas folhas com cheirinho de novas do grosso livro de capa marrom.

O vento nos céus fez sair uma nuvem que estava na frente da lua, senti uma mão pelas minhas costas, macia e leve, que deslizava por sobre o tecido do vestido de dormir, senti o livro escorregar pelos meus dedos e cair no meu próprio colo. Uma sensação de que ele estava virando água se misturou com a imagem que tive dos meus braços que se liquefaziam pingando sobre o livro que agora o vento passava as folhas, aos poucos o que sobrava de mim sabia que em breve eu não estaria mais ali. O livro que agora já estava no chão parou numa página e a última coisa que lembro foi dos meus olhos terem saltado das órbitas e serem absorvidos pelas folhas de papel embrenhadas por uma lama, que era absorvida aos poucos, e outrora não passava de mim mesma.

Aos poucos senti que estava sentada em um lugar diferente, com árvores de troncos largos e de tamanhos imensuráveis, plantas se entrelaçavam por todos os locais, talvez ali chovesse todos os dias, eram tantas e uma terra tão úmida que até para andar se tornava complicado.

De repente me abracei a uma árvore, não que eu quisesse trocar energias com ela, mas precisava ir a um local alto para ter noção de como sair dali. De alguma forma subi, a coluna não ajuda por causa da vida sedentária, mas depois de passar por alguns galhos e ver que a roupa não havia virado lama e ido junto pra onde quer que fosse me senti um pouco solta amarrando uma folha com dificuldade; o que a cultura não faz, e a mente não ajuda, uma folha nessa situação atrapalha até porque tem que ficar segurando, mas alguma coisa tem que consolar o lado psicológico.

Entre um largo espaço da copa vislumbrei uma lua mostarda e de brilho fosco, pequena, mas majestosa com seu aparente tamanho de bola de golfe.

Ventava forte e balançava o galho, desci mais lentamente do que subi, um frio estranho se apoderava de mim e vinha do coração.

Estava escuro demais para se ver alguma coisa, melhor assim.


Mr. Repetição está dentro de cada um de nós; tenho batido nele constantemente com o travesseiro, mas o ômi’ se recusa a ir embora.

2 comentários:

Anônimo disse...

ainnnn *-*
;D

"[silver]" ao menos uma carinha o/

Anônimo disse...

Bonito *-*