segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Diz que eu fui por aí...

Eu estava para passar por aqui, mas acabei me perdendo no caminho.


21 de setembro, uma homenagem ao desconhecido.




Ela já havia passado mais de quatro horas sentada no banco do ônibus e mesmo assim não havia conseguido um minuto livre para por em ordem os pensamentos dos últimos dias, pelo visto a programação de refletir sobre a vida ficaria para outra hora. Fazia um tempo que não se dedicava a pensar sobre alguns fatos ou mesmo se auto analisar, os dias se transformaram em um relógio contínuo de procedimentos e conversas. A necessidade de um período de solidão urgia.
Enumerou os desejos de criança, os atuais, as realizações e perspectivas e fez uma interseção. Quem diria que a vida iria caminhar desse jeito. Se fosse um jogo de lego ela veria as peças se encaixando de forma amontoada, abstrata. Desejou que no futuro pudesse olhar novamente e enxergar algo menos parecido com uma incógnita.
 Uma neblina densa surgiu na estrada. E se o ônibus batesse e ela morresse naquele exato momento? Todos esses instantes de vida escorrendo como farinha de tapioca entre os dedos, presa pelo cinto de segurança e sem espaço para libertar o instinto de sobrevivência.
Sabia que o instinto a guiava em diversas situações a menos se fosse assalto e principalmente se fosse no amor. Ah, o diabo do amor! Acreditar ou não nessa porção de endorfinas e sinais adrenérgicos? Valeria a pena viver ensandecida entregue a emoções? Deixava essas questões nas mãos do instinto e se entregava, mas na primeira ameaça sua lógica, assim como o cinto de segurança, a segurava pela cintura.
Presa pela lógica...
Entre a neblina e o farol dos carros reviveu. Sentiu o carinho esquecido subir à tona da memória, o sorriso e as lágrimas presas em alguma sala escura sendo revelados por um lapso. Por que havia se esquecido dos bons momentos? Por que os tinha escolhido? Por que viver entre fugir e ficar?
Dirigiu sua mente de forma defensiva e se preparou para colocar o cinto da lógica novamente, se preparava buscando um motivo para acreditar e nada mais. Desejando acreditar como os religiosos ou os ateus, cheios de convicção. 

Vivendo a busca, sofrendo em vão. Porque nem sempre precisamos ser racionais. 




 Gosto das minhas dúvidas tanto quanto das certezas. 








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