segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Tenho medo de ir

Depois de um dia deitada sem estar bem provavelmente vi cerca de 5 ou mais episódios seguidos do dorama 49 dias, levantei pensando sobre a vida e alguns acontecimentos estranhos... li os pensamentos ou o fato era óbvio pra eu entender?... bem, não sei... Só que sei que fui molhar as plantas e quase escorreguei no tapete, imaginei que cairia e bateria a cabeça, mas nem sequer balancei o corpo de verdade, molhando as plantas considerei sobre a vida e o seu valor e como cada momento tem seu significado para nós, sua importância. Será que não sabemos sobre o após morte porque seria loucura viver com esse conhecimento? Só em imaginar viver, morrer, viver, morrer, viver, num ciclo infinito sem lembrar do que aconteceu em outra vida me amedronta. Um ciclo. Infinito.
Me imaginei escrevendo algo para pessoas que são e foram preciosas na minha vida. Me imaginei explicando coisas que nunca havia dito a elas e que isso poderia ajudá-las de alguma forma...
Enquanto caminhava para a cozinha ouvi gritos, gritos histéricos de alguém acusando ter um ladrão no seu andar. Ladrão! L
adrão!!!. Apaguei as luzes e entrei em pânico silencioso, havia acendido uma vela e um incenso para que Deus deixe as flores que comprei e estão murchando criarem raízes para que eu possa colocá-las no vaso, pensei em apagar para que não houvesse rastros de uma pessoa na casa e apenas me esconderia embaixo da cama. Não apaguei. Virei a bolsa do avesso e achei minha chave, tranquei a porta e esperei. Não quero morrer agora, pensei, tenho medo. Não consegui fazer mais do que ligar pelo interfone e perguntar se ocorreu algo realmente, o porteiro avisou que não estava acontecendo nada de errado.

Lembro que enquanto acendia o incenso ele demorou de queimar e refleti sobre isso, como é difícil às vezes entendermos algo, assim como gastei inúmeros fósforos para acendê-lo quantas vezes precisarei passar pelas mesmas experiências para entendê-las?

Ah, meu Deus! O que faça? O que houve?

Pensei em algo realmente importante, mas pelo pânico esqueci. 




O coração dispara e nessa hora a gente lembra de valorizar cada dia da vida, cada riso, cada choro, cada abraço, cada beijo, cada insignificante fato que pode nunca mais voltar a acontecer.


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Antes de tudo isso ocorrer eu ia escrever sobre como me tornei uma pessoa comum. 
Há uma idosa que vive na rua e dorme embaixo do telhado de uma loja, da minha janela eu a vejo todos os dias, a hora em que dorme e acorda, se está pensativa ou se varre a porta da loja. Receio pela segurança dela e sempre estou alerta para que se houver alguma coisa eu possa ajudar nem que seja ligando para a polícia, mas realmente não sei o que fazer. Sinto que devo ir lá um dia desses... Quando eu era criança e via uma pessoa na rua sentia algo que deve ser parecido com compaixão, tinha vontade de ajudar e não conseguia acreditar que as pessoas poderiam ser assim, simplesmente hipócritas e cegas à realidade... Atualmente me sinto desse jeito, cega perante os outros.


Há algo que me aperta por dentro. Eu fiz tanta questão de preservar os meus anseios de criança porque sabia que eram importantes para mim. Que língua era aquela que eu falava na escada enquanto esperava a hora de ir embora? Era mesmo invenção? Aaa! Eu deveria ter escrito algo e guardado em algum lugar para poder achar depois... Aonde foram os poemas que escrevi aos seis, sete ou dez anos? Perdidos com o tempo.


A única coisa que não se perdeu foram os sentimentos.


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Acho que não leio pensamentos e sim emoções. Às vezes por mais que eu não entenda a outra língua dita sinto como se as palavras não fossem diferentes, pois as palavras realmente importantes no que dizemos expressam emoções e essas podem ser reconhecidas por outro alguém.
Sinto que meu coração não é puro, pois uma vez vi um casal de periquitos numa gaiola e enquanto a fêmea estava agitadíssima o macho apenas se equilibrava no galho. No dia seguinte senti a agitação crescendo no pássaro fêmea e notei que o macho estava doente, por mais um ou dois dias eu acompanhei isso e sentia no canto da fêmea que ela falava comigo, que ela pedia ajuda. Tentei responder em vão. No último dia de vida do pássaro doente a fêmea aplicou todo os seus esforços para cantar aquilo. Eu apenas assisti sem saber o que fazer, troquei a água e a comida. Passei mais um tempo alí olhando e sentindo o desespero. Não ajudei em nada. Poderia eu ajudar?
Ele morreu na mesma tarde, retirei da gaiola e deixei a fêmea solitária me culpando por não ter um coração puro o suficiente para falar com ela e deixa-la sentir meus sentimentos assim como eu havia visto os seus.








Ainda estou tensa e penso que o ladrão realmente passou por aqui, passou e levou meus pensamentos com ele...




Queria ter alguém para me abraçar agora...

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