“Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo”.
L. Wittgenstein
Assim que nascemos somos mergulhados num mundo construído de palavras.
Talvez, antes mesmo de nascermos já exista o contato indireto entre o novo ser e o mundo, mas isso não vem ao caso agora, concordaremos que as palavras só nos atingem após o nascimento.
De quantos símbolos nós somos feitos?
Expressões faciais, corporais, sons, desenhos, pinturas etc.
Utilizamos da linguagem para expressar nossos desejos e dela utilizamos para reproduzir as tantas outras simbologias.
Enquanto não conhecemos as palavras nosso contato com o mundo é pequeno, nossa imaginação é limitada. Digo isso porque a partir do momento em que não consigo nomear algo o fluir da história pára e sinto a cabeça explodir em busca de uma palavra que exprima o que quero.
As palavras fluem com naturalidade durante a conversa até o momento em que nos deparamos com um obstáculo. A falta de léxico. E agora? Acabaram as palavras.
A mente cria diversos universos com a linguagem, um mundo de histórias que nunca aconteceram ou de objetos que não existem, mas se não sabemos manipular a nossa língua de nada adianta porque a idéia ficará eternamente presa em nossa mente, sem palavras os universos estancam e tudo se perde.
Um texto limpo, claro, objetivo e conciso normalmente sai de uma mente limpa, clara e objetiva. Pensamentos atribulados e disparados um por cima do outro dificilmente nos darão tempo e precisão para formular as idéias no papel, eles fogem e são esquecidos antes do limiar lápis e papel, dedos e teclado.
As palavras são tão abstratas, tão loucas e tão intrínsecas que nem reparamos mais nelas. Elas simplesmente estão aí.
O que será que habitaria nossas cabeças se não fossem as palavras? Existiria o pensamento?
As pessoas interpretam o mundo da forma que inventam e aprendem usando as palavras que conhecem.
onde escrever
o verso; o verso
que é possível não fazer.
São minerais
as flores e as plantas,
as frutas, os bichos
quando em estado de palavra.
É mineral
a linha do horizonte,
nossos nomes, essas coisas
feitas de palavras.
É mineral, por fim,
qualquer livro:
que é mineral a palavra
escrita, a fria natureza
da palavra escrita.
...
Trecho do poema A PSICOLOGIA DA COMPOSIÇÃO,
João Cabral de Melo Neto
2 comentários:
Agora mesmo está me faltando palavras para este post, vc escreve com uma naturalidade, muito bom!
"As palavras são tão abstratas, tão loucas e tão intrínsecas que nem reparamos mais nelas. Elas simplesmente estão aí."
E eu por vários momentos cheguei a pensar em parar de escrever... :P
Foi tão bom ler issO.
Ah, vc? Vc me completa!!!! hueheueheu
PS: Ela , molhada pela chuva. Ele, de suor (gostei disso, contraste massa e... enfim, enquanto eles dançam vc evita fadiga :P e eu comento em outro post!!! kkk)
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