segunda-feira, 13 de julho de 2015

Sobre as grandes pequenas coisas

Quando converso sobre problemas sociais, má distribuição de dignidade (o que inclui renda, moradia, saúde, educação, alimentação, entre outras necessidades básicas)  ou mesmo quando escuto alguém falando sobre isso sempre me deparo com o pensamento negativo, a impotência diante dos fatos.
Mas engraçado é que hoje eu estava pensando comigo mesma, como que eu posso ser tão louca para apesar de todos os argumentos não acreditar que somos impotentes?

Quem me conhece sabe que a minha mente trabalha diferente... e meu primeiro pensamento foi "eu vivo em extremos".

Quando olhamos uma foto do universo, daquelas que a NASA publica de vez em quando, temos a sensação de que tudo é apenas um monte de pontinhos e grandes nuvens coloridas. Porém, quando ampliamos, cada pequeno ponto se transforma em uma galáxia ou no mínimo em uma complexa formação estelar.

O que eu quero dizer é que tudo depende do ponto de vista.

De um pequeno ponto na foto à uma galáxia, de uma galáxia à um conjunto de matérias, cada matéria composta de pequenos pontos.


...Cada ponto compõe seu próprio universo. 

Da mesma forma quando vejo a minha foto, daquelas que publicamos no Facebook de vez em quando, tenho a sensação de que sou diferente dos outros, mais especial, ou mesmo quem sabe, que o meu sorriso é o mais importante. Quando vejo a foto por algum motivo eu me destaco aos meus próprios olhos.
Mas será que isso pode ser verdade se quando tenho fome eu me sinto mal como qualquer outro, se quando estou doente fico vulnerável e não tenho forças, se quando sinto tristeza as lágrimas caem salgadas e fazem o mesmo caminho para todos.

O desejo de ser especial e melhor é o que nos limita quando pensamos em distribuição de dignidade.

A impotência que sentimos ao falar das "questões sociais" ao meu ponto de vista vai muito mais além do fato de que sempre esperamos a GRANDE mudança, a MAJESTOSA transformação que alguém em algum lugar desconhecido com um grupo de pessoas que ninguém também conhece irá fazer.
A impotência vem do fato de que nós não queremos ser vistos como iguais.

Eu sou igual ao doente no corredor do hospital.
Eu sou igual ao pedinte nas ruas.
Eu sou igual a prostituta.
Eu sou igual ao ladrão.
Eu sou igual a criança que dorme ao relento.
Eu sou igual àquele que busca comida no lixo.
A minha fome é igual, a minha carência é igual, a doença é igual, o meu desejo de ser especial é igual.

A impotência vêm do sentimento de que nós não queremos mudar. Nós pensamos que pode ser legar a distribuição de dignidade, mas nada mais.

A sociedade é o pequeno ponto do universo na foto, quando ampliada vemos os vários pequenos pontos compostos por mim e por você.

Cada vez que penso sobre isso chego a conclusão que a solução vai além das questões políticas e dessa propaganda toda que vemos na TV. É tudo muito mais relacionado ao nosso pensamento egoísta de querer mostrar-se melhor que os outros.
Se toda vez que EU me deparar com o meu igual eu tiver uma atitude de respeito à sua dignidade a vida vai se tornar melhor ainda que em um pequenino círculo de pessoas.
Das minhas frases prediletas para terminar o texto "melhor pouco do que nada, e antes tarde que mais tarde.".








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