terça-feira, 18 de março de 2014

Sete vidas ou mais

 Da primeira vez que morri não lembro mais quantos anos eu tinha a única coisa que me recordo é de que uma tristeza muito grande me invadiu e congelou uma parte do meu coração.

Da segunda vez que morri acho que já estava com dezessete anos, foi quando me separei de pessoas queridas e as conversas acabaram. O silêncio invadiu o meu coração e eu me vi comigo mesma.

Da terceira vez que morri eu ainda estava aqui, mas a perspectiva de separação era iminente e já trazia a sintomatologia da minha morte. Uma saudade invadiu o meu coração. As lembranças, os desejos e até o perdão bateram em minha porta.

Deveríamos morrer conscientemente diversas vezes na vida para nos darmos conta de que todos os momentos são únicos, para vivermos intensamente os nossos sonhos, para revisarmos o que fizemos ao invés de empurrarmos apenas com a barriga. É na véspera da morte que tomamos consciência de nós mesmos. Valeu a pena? Eu fiz aquilo que eu gostaria de ter feito? O que eu deveria ter dito foi dito? Por que não conversei mais vezes com aqueles a quem amei? Por que não amei mais? Não ajudei mais? Não vivi mais?!


Celebremos então a morte nossa de cada dia, uma das poucas maneiras de encararmos o destino que estamos dando a nossas vidas, aquilo que nos dá a chance de acordar no dia seguinte e fazer o mesmo, ou quem sabe diferente
.


Nenhum comentário: