Da primeira vez que morri não lembro mais quantos anos eu
tinha a única coisa que me recordo é de que uma tristeza muito grande me
invadiu e congelou uma parte do meu coração.
Da segunda vez que morri acho que já estava com dezessete
anos, foi quando me separei de pessoas queridas e as conversas acabaram. O silêncio invadiu o meu coração e eu me vi comigo mesma.
Da terceira vez que morri eu ainda estava aqui, mas a
perspectiva de separação era iminente e já trazia a sintomatologia da minha
morte. Uma saudade invadiu o meu coração. As lembranças, os desejos e até o
perdão bateram em minha porta.
Deveríamos morrer conscientemente diversas vezes na vida
para nos darmos conta de que todos os momentos são únicos, para vivermos
intensamente os nossos sonhos, para revisarmos o que fizemos ao invés de
empurrarmos apenas com a barriga. É na véspera da morte que tomamos consciência
de nós mesmos. Valeu a pena? Eu fiz aquilo que eu gostaria de ter feito? O que eu deveria
ter dito foi dito? Por que não conversei mais vezes com aqueles a quem amei? Por que não
amei mais? Não ajudei mais? Não vivi mais?!
Celebremos então a morte nossa de cada dia, uma das poucas
maneiras de encararmos o destino que estamos dando a nossas vidas, aquilo que nos dá a chance de acordar no dia seguinte e fazer o mesmo, ou quem sabe diferente
.
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