segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Aventuras pitorescas - Primeira parte: Descobrindo a existência

Não sei mais dizer quando foi que me dei conta de mim, quando descobri que sou pessoa e deixei de viver no mundo abstrato das crianças extremamente pequenas. Não sei mais quando descobri que eu sou eu.

Vagas lembranças assolam a minha mente como se de repente um recorte de várias fases fosse sendo apresentado numa tentativa de somar as peças.
Era noite e eu passava mal, saí do quarto em direção ao banheiro e com as minhas pernas de seis anos de idade caminhei às pressas como um adulto durante o porre da cachaça faria. Abri a porta e vomitei, vomitei a doença e as emoções há muito repreendidas. Vomitei a tristeza da solidão e a dor. Vomitei o jantar das sete e as lágrimas da semana. Vomitei a perda e insegurança.
Tomei banho, me vesti e voltei para o quarto. Dormi o sono dos anjos porque a minha linhagem descende dos anjos de coração.
No dia seguinte a descoberta pelas pessoas da casa de que eu havia passado mal pela sujeira do banheiro não me abalaram, já não havia mais motivos para me abalar.

Era noite, mas não mais àquela de outrora, e ver a tristeza em seus olhos brilhantes me enchia de compaixão. Com minhas mãos de sete anos rezei pedindo a Deus o esquecimento das dores vividas. Apoiei a cabeça em seu colo e fingi que dormi apenas para que me deixasse no quarto e acabasse rápido com o vazio.

Viver entre os extremos sempre foi minha sina. Explosão de alegria também se transforma em rio de lágrimas, mas só assim se descobre o caminho a se trilhar.

Engraçado, mas novamente era noite e sentada na escada que ligava a rua ao primeiro andar eu lia uma enciclopédia usando a luz do poste para me guiar entre as palavras. Com os olhos de oito anos descobri o lado científico da anatomia e da sexualidade. Me descobri num corpo de menina.
Nesse mesmo período comecei a escrever poemas, infelizmente acredito que perdi todos, mas sei que eram lindos. Provinham da inspiração que só os loucos possuem. Simplesmente sentava na cadeira da vandara e me debruçava na mesa de plástico com meu mundo de ideais a ser transcrito.

A curiosidade assolava a minha existência e foi então que aconteceu.

Entre os degraus do primeiro para o segundo andar, já havia passado das nove horas da noite quando pedi a Deus por inspiração e sabedoria. Em meus anos de criança decidi que pediria a Deus o dom da sabedoria.
Sentada na escada falava a língua do desconhecido e conversava comigo mesma em uma espera incansável pelo conhecimento.

O esquecimento dos dias tristes chegou e eu apenas guardei a ânsia de vômito em situações que despertam amor incondicional. É preciso perdoar o outro e a si próprio para se libertar das amarguras da existência. O perdão da alma nos eleva.

A vontade de descobrir o universo sempre foi uma constante, oscila, mas sorrateira acompanha os infinitos sonhos. E foi a partir do universo, da ânsia por saber de sua mecânica e quântica que a teoria das ondas energéticas surgiu.
Com a mente de nove anos decide memorizar para o resto da vida três teorias que devem guiar o meu caminho:
A primeira se relaciona com o bem querer ao próximo, ajudar aquele que precisa e através da compaixão ampará-lo.
A segunda é sempre continuar com o espírito de criança. Sofrer o que for preciso para não deixar a curiosidade e intuição viva da criança interna ser rarefeita. Assim como saber ouvir as crianças e não me deixar convencer pelos adultos de que os pequenos não sabem ou não entendem do mundo.
A terceira e última é a teoria do universo. Ao meu ver o universo é uma onda energética que oscila em diferentes vibrações, com suas frequências e amplitudes específicas. Cada um de nós vive em uma frequência e oscila a depender do estado de espírito em que se encontra. Viaja entre as frequências e pode ir do extremo da iluminação ao extremo da negatividade. Ao morrer a energia etérea se une à vibração maior e entre em completude com a sua frequência interior construído durante seus dias de vida.
Ser humano é se permitir ter a capacidade alterar sua frequência. Enquanto somos energia a amplitude e frequência da vibração é constante, mas quando somos humanos conseguimos em questão de instantes emergir em uma nova sintonia.





Eis o mistério da vida.
Eis a simplicidade da fé.
Na compreensão o caos se tornou ordem.


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