sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Liberdade para ser.


O espelho é um objeto cruel quando não se está bem consigo mesmo.

Nasci, cresci e me transformei em ideias, sonhos e realidade.


Um pouco sobre mim


Cortei drasticamente o cabelo no dia 17 de outubro de 2012.
Cortei por diversos motivos, para deixar crescer o cabelo natural, diminuir o trabalho de camuflar o cabelo misto (com química e natural ao mesmo tempo), para dar uma trégua nos acessórios forçados domadores de cabelo, mas sinceramente, nada disso me incomodava o suficiente para corta-lo, nem mesmo o trabalho de passar uma hora tentando desmanchar os nós que os cachos formavam, o principal motivo e quem sabe eu poderia dizer único motivo que me deu ânimo para fazer isso foi a minha infelicidade diária com o que via no espelho. Não há nada mais angustiante do que não ser feliz consigo mesma, não estar bem com a mente e o corpo, não sorrir feliz ao ver o próprio reflexo.
Cortei minhas mágoas, meu medo, minha raiva há tempos oculta por não ter tido força e ânimo de me descobrir alguns muitos anos atrás, quando também tentei deixar de usar a química e manter o meu cabelo natural. Recordo que um dia voltando para casa duas meninas que eu nem mesmo conhecia me chamaram de bruxa por eu ter o cabelo cheio e naquela época bastante maltratado, lembro que tinha meus 14 anos e era nova demais para entender até onde poderia ir minha própria vontade. Lembro das pessoas que julgavam a minha forma de lidar com a aparência, meu aparente desleixo. Lembro do meu discurso interno de valorização pessoal, cultural e social, expressão da opinião e personalidade, a luta contra a frequente negação do crespo/cacheado, e o mais importante: a aceitação do indivíduo por ele mesmo. Lembro de tudo isso durante minha infância e adolescência e tenho orgulho de ser quem sou, de manter meus ideais aos quais depositei tanta confiança.
Não nego que o período em que realizei a química foi extremamente importante, pois paralelamente ao avanço da idade ela me ensinou a ser mais cuidadosa comigo mesma, a prestar atenção aos sinais do meu cabelo e de três em três meses descobrir a cacheada que havia em mim (rsrs).
Durante um tempo pesquisei muito pela internet e descobri inúmeros casos parecidíssimos com o meu, mulheres que alisaram o cabelo desde a infância por diferentes motivos e apenas na fase adulta se assumiram como crespo/cacheadas. Isso me dá algumas ideias, a primeira é de que na verdade grande parte dessas mulheres não nutriam essa “adoração” pelo estilo liso, apenas não tiveram a oportunidade de valorizar-se, a segunda ideia é de que muitas mães não sabem o que fazer para lidar com o cachos das crianças e recorrem a formas de alisamento, a terceira está intrinsecamente ligada a todas as outras que por economia de palavras não direi aqui, a desvalorização social e o preconceito, infelizmente presentes em nossa sociedade miscigenada e rica em diversidade.

Atualmente vou levando minha vida e me transformando a cada dia.


O cabelo em si é a representação da minha luta interna.


Só se passaram duas semanas, contudo, 
desde então o sentimento que eu tenho é de pura e sincera alegria.









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