Hoje eu descobri que em 2020 não postei no blog.
Nenhum texto verteu o ano mais desorientado da minha vida.
Nenhuma rima registrou as mudanças que passei.
Um ano como uma folha em branco, onde as palavras se acovardam a achar espaço.
2020 não teve registros, mas ele separou, misturou, triturou, bagunçou e não arrumou tudo o que podia e não podia.
Ele sambou, bebeu e vomitou atrás do carro. Caiu no chão e ficou lá largado esperando a tarde do dia seguinte chegar.
2020 andou, mas também correu. Dias longos e semanas que passavam depressa.
Lágrimas que ardiam o rosto, como pimenta de baiana.
2020 bateu a porta com força e fez perder o sono. Deixou marcas, silêncios profundos no barulho do dia.
2020 quebrou os pratos, os copos e levou os talheres de prata. Depois foi embora, mas ameaçou voltar.
Como um prato de sopa quente, queimou a língua de muita gente.
Ô Deus, se acabar a dor também acaba a vida?
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