É um ato de coragem seguir o coração.
“Segue minha filha. Vai!”
Há dias que não escrevo, apenas vivo, leio e penso. Hoje
resolvi que faria algo a mais, iria sentir. Terminei algumas páginas
do livro e
como sempre não tive condições de seguir em frente, a mente chegou ao ponto
exato em que precisava parar e se recompor.
Fechei a porta. Desliguei as luzes. Deitei e achei que havia
me perdido. Me perdi em pensamentos, dores no corpo e respiração entrecortada. Estratifiquei
o corpo e relaxei apenas tentando respirar e me observando. Não conseguia respirar com as duas narinas. Apertei o nariz, inspirei e expirei, depois de muitas tentativas reconheci que não sei como fazer isso direito. Depois de um tempo funcionou, mas não entendo como posso fazer algo a minha vida inteira e ainda assim não fazer bem. Talvez, por quase nunca prestar atenção...
(...) Senti o coração
pulsar e o jorro de sangue vivo que corre em meu corpo, senti o corpo
inerte e de olhos fechados via medo em mim. Tive medo de mim, de tomar
consciência e ser, medo do desconhecido, das ondas que preenchem o meu corpo e
se movem quando paro.
O coração acelerava estando eu parada e com o pensamento
sendo observado por mim. Receio do quê? Medo por quê?
Tudo passa, tudo esvai, tudo flui.
Não sei explicar nem muito menos vou me esforçar por
fazê-lo, simplesmente senti que não sentia nada. Ao ponto que poderia estar
deitada, em pé ou de cabeça para baixo, tanto faz no caos ordenado do universo.
Tive medo e voltei. Seguir o coração é um ato de coragem, é
um esforço diário, é lutar contra o oponente mais forte, lutar contra você
mesmo e ir. Levar o outro é fácil, seguir a trilha do outro é simples, difícil
é trilhar e colocar as pedras no caminho. Construir o caminho. Dar o primeiro
passo. Vencer a adrenalina que imobiliza e ordena que fuja. Difícil é desapegar
em meio a tantos apelos. Mas nada é tão difícil que não possa ser simples,
porque a complexidade mora no raciocínio humano.
O auge da complexidade na verdade é o limite da abstração
humana, pois na verdade, em suma, há apenas simplicidade no universo.
(...)
Escrevo para não vomitar, para aguentar o vendaval que abala
os meus alicerces vazios construídos em areia movediça, repletos de insegurança
e medo daquilo que desconheço, conheço ou reconheço, pilares que afastam o meu
coração dos meus sonhos.
Quebrá-los-ei. Afogá-los-ei. Sobreviverei.
Escrevo para tomar consciência dos pensamentos. Me
fortificar reconhecendo as fraquezas.
Tudo passa tudo muda.
O mistério é viver no presente, ser e estar presente.
O mistério é ser e estar.
Borboleteando...