segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Aventuras pitorescas - Parte dois: Saudades sempre

O último dia de coração plenamente aberto para o mundo ocorreu em agosto, era dia de semana e eu estava em pé próxima a um orelhão. Na época já não se colocavam mais fichas no telefone e era necessário ter o cartão para se fazer uma ligação, mas eu não tinha, muito menos tinha seu telefone. Havia um festa para as crianças e uma apresentação a ser feita. Alguém me disse que você chegaria e eu acreditei. Em pé na grade esperei e nada mais. Esperei mesmo sabendo que não chegaria, mas depositei minha fé na hipótese de estar errada.

Fui embora e você não chegou.

Foi o último dia de tristeza, pois depois daí enterrei as emoções e encontrei uma forma nova de viver. Popularmente conhecida como sangue de barata desenvolvi a técnica de repudiar as emoções durante alguns anos. Ainda hoje trabalho com ela em determinadas situações, mas em geral me libertei e vivo à base de confiança na energia do universo e rio de sensações.

Nunca fui ligada ao estudo do esoterismo o que me encantava era apenas a engrenagem das coisas, mas quem diria que através da cara sempre vive a coroa...

Continuei pedindo sabedoria e aos poucos evolui para o anseio de me tornar água que corre para o mar, pedra dentro do rio, matéria-prima do artesão, luz de vela que não apaga.
Desejei a voluptuosidade da água, sua tranquilidade e força para atravessar barreiras contornando, transformando e purificando ao meu redor. Quis estar no rio como pedra para ser lapidada e de bruto jargão me ver pedra preciosa, arredondada, moldada pela vida em uma pessoa melhor, como matéria-prima para as obras de Deus, incandescente para iluminar os que andam ao meu redor.

Quis ser cristal, pureza e amor.

A solidão se esvaiu aos poucos à medida que a água se sobrepunha. Lavada em lágrimas e alfazema a alegria reinou, pois só se vive em reino de alegria aquele que conheceu o profundo breu da existência em algum momento de sua vida.

Com o meu sorriso de quatorze anos vi o mundo me retribuir sorrindo intensamente ao meu redor e em três anos vivi o êxtase de se ter uma criança interior desperta e energeticamente liberta. Acordava durante a madrugada para sorrir de uma piada contada pela manhã, despertava feliz sem motivo aparente.
Viver se tornou leve.

Alimentar a ânsia pelo desconhecido era sua meta. Viver em risos e pulos era o seu passatempo.

Muitas pessoas passaram pela minha vida, algumas acrescentaram outras apenas passaram observando, mas lá estavam as possibilidades de vida, a escolha certo ou tarde deveria ser feita.

E então, na vida são feitas escolhas ou somos escolhidos?



O caminho é feito a partir do primeiro momento em que você pensou nele.
Mentalizar pensamentos positivos e nada mais. 
Nada mais.



Aventuras pitorescas - Primeira parte: Descobrindo a existência

Não sei mais dizer quando foi que me dei conta de mim, quando descobri que sou pessoa e deixei de viver no mundo abstrato das crianças extremamente pequenas. Não sei mais quando descobri que eu sou eu.

Vagas lembranças assolam a minha mente como se de repente um recorte de várias fases fosse sendo apresentado numa tentativa de somar as peças.
Era noite e eu passava mal, saí do quarto em direção ao banheiro e com as minhas pernas de seis anos de idade caminhei às pressas como um adulto durante o porre da cachaça faria. Abri a porta e vomitei, vomitei a doença e as emoções há muito repreendidas. Vomitei a tristeza da solidão e a dor. Vomitei o jantar das sete e as lágrimas da semana. Vomitei a perda e insegurança.
Tomei banho, me vesti e voltei para o quarto. Dormi o sono dos anjos porque a minha linhagem descende dos anjos de coração.
No dia seguinte a descoberta pelas pessoas da casa de que eu havia passado mal pela sujeira do banheiro não me abalaram, já não havia mais motivos para me abalar.

Era noite, mas não mais àquela de outrora, e ver a tristeza em seus olhos brilhantes me enchia de compaixão. Com minhas mãos de sete anos rezei pedindo a Deus o esquecimento das dores vividas. Apoiei a cabeça em seu colo e fingi que dormi apenas para que me deixasse no quarto e acabasse rápido com o vazio.

Viver entre os extremos sempre foi minha sina. Explosão de alegria também se transforma em rio de lágrimas, mas só assim se descobre o caminho a se trilhar.

Engraçado, mas novamente era noite e sentada na escada que ligava a rua ao primeiro andar eu lia uma enciclopédia usando a luz do poste para me guiar entre as palavras. Com os olhos de oito anos descobri o lado científico da anatomia e da sexualidade. Me descobri num corpo de menina.
Nesse mesmo período comecei a escrever poemas, infelizmente acredito que perdi todos, mas sei que eram lindos. Provinham da inspiração que só os loucos possuem. Simplesmente sentava na cadeira da vandara e me debruçava na mesa de plástico com meu mundo de ideais a ser transcrito.

A curiosidade assolava a minha existência e foi então que aconteceu.

Entre os degraus do primeiro para o segundo andar, já havia passado das nove horas da noite quando pedi a Deus por inspiração e sabedoria. Em meus anos de criança decidi que pediria a Deus o dom da sabedoria.
Sentada na escada falava a língua do desconhecido e conversava comigo mesma em uma espera incansável pelo conhecimento.

O esquecimento dos dias tristes chegou e eu apenas guardei a ânsia de vômito em situações que despertam amor incondicional. É preciso perdoar o outro e a si próprio para se libertar das amarguras da existência. O perdão da alma nos eleva.

A vontade de descobrir o universo sempre foi uma constante, oscila, mas sorrateira acompanha os infinitos sonhos. E foi a partir do universo, da ânsia por saber de sua mecânica e quântica que a teoria das ondas energéticas surgiu.
Com a mente de nove anos decide memorizar para o resto da vida três teorias que devem guiar o meu caminho:
A primeira se relaciona com o bem querer ao próximo, ajudar aquele que precisa e através da compaixão ampará-lo.
A segunda é sempre continuar com o espírito de criança. Sofrer o que for preciso para não deixar a curiosidade e intuição viva da criança interna ser rarefeita. Assim como saber ouvir as crianças e não me deixar convencer pelos adultos de que os pequenos não sabem ou não entendem do mundo.
A terceira e última é a teoria do universo. Ao meu ver o universo é uma onda energética que oscila em diferentes vibrações, com suas frequências e amplitudes específicas. Cada um de nós vive em uma frequência e oscila a depender do estado de espírito em que se encontra. Viaja entre as frequências e pode ir do extremo da iluminação ao extremo da negatividade. Ao morrer a energia etérea se une à vibração maior e entre em completude com a sua frequência interior construído durante seus dias de vida.
Ser humano é se permitir ter a capacidade alterar sua frequência. Enquanto somos energia a amplitude e frequência da vibração é constante, mas quando somos humanos conseguimos em questão de instantes emergir em uma nova sintonia.





Eis o mistério da vida.
Eis a simplicidade da fé.
Na compreensão o caos se tornou ordem.


sábado, 2 de novembro de 2013

Diário de bordo

Considerações iniciais
Já faz um tempo que venho me preparando para os dias atuais, mas ainda assim a cada amanhecer eu me arrumo e repasso os preparativos. Durante o dia às vezes paro e sento sozinha para relembrá-los, e só no final me sinto livre e com a sensação de missão cumprida.
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Terceiro dia de viagem, já é noite e eu posso dizer com propriedade que em 72 horas eu vi mais do que muita gente conseguiu ver em um mês. Provavelmente esse é um dos pontos positivos de se estar só, pode-se caminhar a vontade e na velocidade que achar necessário, se perder é uma alegria e abertura de caminhos para novas descobertas.
Conheci pessoas simples e interessantes, espiritualmente ativas, e superficialmente consegui observar algumas peculiaridades ao meu redor.

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Da primeira vez que vi a cidade me arrependi em pensamento por não portar um guarda-chuva, pois ao longe eu já conseguia ver uma nuvem negra cobrindo grande parte do céu. Para minha surpresa era somente poluição, densa sujeira aérea invadindo nossas narinas. Mais assustador que muito filme.
Consegui intuitivamente e depois de muito explorar a funcionária do posto de informações descobrir o melhor trajeto para realizar em um dia de visita.
Corri disfarçando o meu desconhecimento e me deixei levar pela coragem e multidão sabendo que no final encontraria o tão almejado metrô.
Subi, desci, olhei e me assustei novamente.
A cidade parecia estar sendo estuprada pelos visitantes, uma leva enorme de turistas em busca de facilidades, oportunidades e preço baixo invadiam as ruas e os meios de transporte da cidade. Todos em busca de produtos tão baratos que ao meu ver só podem alimentar o trabalho de semi-escravidão que nos submetemos hoje. Mas quem quer saber?
Desci, subi, desci e me compadeci.
A luz do Sol se embrenhava entre a poluição, mas aparecia gloriosa através do céu, seu calor irradiava ao meu redor, mas as pessoas continuavam sentindo frio. Casacos e roupas e botas e cachecol e frio e frio e frio no calor. Por instantes pensei em parar alguém para perguntar se era uma lei sentir frio na cidade, mas não fiz isso, seria ridículo demais. Conclui que as pessoas padecem de frio interior, já que estão imersas em tamanho cansaço, tristeza e solidão. Submergiram a ponto de se afogar e previamente já se vestem de preto em luto pelo eu interior perdido. Luto ao esquecimento de si.
Andam em luto pela falta de amor ou em sua incansável busca... ou quem sabe a espera de um renascimento.
Subi, desci e me perdi.
Me perdi no estilo da cidade, entre gótico, neoclássico e um quase raro rococó, me apaixonei e ao mesmo tempo repudiei a imagem da cidade. Lindamente gótica, e em seu esplendor a vivacidade da tristeza. Mas que contradição! Quanto mais bela mais triste se faz.
Lindamente enlouquecedora.
Desci, subi e me encontrei.
Em um centro de arte sacra e um bairro oriental encontrei as cores e uma tranquilidade constante. Seria o oásis? Não sei... e continuarei sem saber.

Subi e voltei ao meu mudo de aventuras pitorescas.

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Engraçado, mas só agora entendi uma exposição que vi no museu. Era o retrato da cidade... em sua inconstância, desespero e anseia pelo que ainda não viveu, o autor me mostrou sem eu nem desconfiar aquilo que aguarda aos que mergulham e não voltam mais à superfície das boas energias.


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Para viver feliz é preciso ser e estar.




segunda-feira, 28 de outubro de 2013

"Em cada esquina..."


Sem hora marcada ou telefonema prévio saí pela cidade em busca de você. 
Passei pela rua onde mora, mas quando cheguei perto do portão voltei.
Como criança que é pega no meio da traquinagem.
Como trote de telefone ou ligação a cobrar.
Como moeda sem valor no meio do dinheiro.
Como bilhete de amor em mãos erradas.
Eu tive que fugir.
Eu precisava fugir antes que você descobrisse o que eu estava sentindo.
Como criança fugi...














Mais dos mesmos


E eu tenho tanta coisa pra fazer que acabei me esquecendo de viver.


Já faz tempo que passou das nove, até o jornal terminou, e só agora você conseguiu concluir metade das atividades pendentes. Bravo! Bravíssimo!
Pela janela você viu o céu azul límpido e o sol escaldante, presa em uma sala sem grades e com a chave da porta em um dos bolsos.
Mas agora que tudo, ou melhor, quase tudo já está pronto, você se arruma, passa o perfume novo, veste a camisa nova e sai só. Já é tarde e não há um ser vivente que queria acompanhar essa sua aventura. Tem medo de telefonar e encontrar as pessoas dormindo.
Entra no carro e especialmente hoje faz o caminho mais longo para chegar no restaurante. Vinte minutos é o suficiente para entrar, pedir, comer, pagar e sair. Na volta você puxa conversa com o flanelinha, mas o sinal já abriu e ele nem teve tempo de terminar de limpar o vidro. Fazer o quê? Deixa pra próxima.

Você sente uma vontade inebriante de estacionar e andar pela praia, mas o medo de um assalto é maior e você continua dirigindo, perdida em pensamentos, tentando se encontrar no caminho da vida.




Castanhos


Enquanto ensaboo a roupa na pia tenho a sensação de que meus olhos imaginariamente se viram para o meu interior e dentro de mim encaram seus olhos castanhos, fixos, sem piscar, como se estivessem mortos e ao mesmo tempo brilhando com vivacidade.

Castanhos como amêndoas a me observar.

Castanhos como amêndoas enquanto eu lhes observo.

Castanhos como os olhos de quem sinto falta.

Castanhos.

De tão castanhos saio de mim e me perco no limbo.



quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Vi por aí...



Sou uma mulher madura



que às vezes anda de balanço




Sou uma criança insegura




que às vezes usa salto alto




Sou uma mulher que balança




sou uma criança que atura.






(Martha Medeiros)

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Tente outra vez...

Lembrete:


Tudo que vai
Pode ir, 
Pode desejar ficar,
Pode sumir,
Depois voltar.



No meio da multidão banhada a risos e conversas o coração gelou 
e uma lágrima misturada ao suor percorreu o seu rosto.




Permita-se viver.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Diz que eu fui por aí...

Eu estava para passar por aqui, mas acabei me perdendo no caminho.


21 de setembro, uma homenagem ao desconhecido.




Ela já havia passado mais de quatro horas sentada no banco do ônibus e mesmo assim não havia conseguido um minuto livre para por em ordem os pensamentos dos últimos dias, pelo visto a programação de refletir sobre a vida ficaria para outra hora. Fazia um tempo que não se dedicava a pensar sobre alguns fatos ou mesmo se auto analisar, os dias se transformaram em um relógio contínuo de procedimentos e conversas. A necessidade de um período de solidão urgia.
Enumerou os desejos de criança, os atuais, as realizações e perspectivas e fez uma interseção. Quem diria que a vida iria caminhar desse jeito. Se fosse um jogo de lego ela veria as peças se encaixando de forma amontoada, abstrata. Desejou que no futuro pudesse olhar novamente e enxergar algo menos parecido com uma incógnita.
 Uma neblina densa surgiu na estrada. E se o ônibus batesse e ela morresse naquele exato momento? Todos esses instantes de vida escorrendo como farinha de tapioca entre os dedos, presa pelo cinto de segurança e sem espaço para libertar o instinto de sobrevivência.
Sabia que o instinto a guiava em diversas situações a menos se fosse assalto e principalmente se fosse no amor. Ah, o diabo do amor! Acreditar ou não nessa porção de endorfinas e sinais adrenérgicos? Valeria a pena viver ensandecida entregue a emoções? Deixava essas questões nas mãos do instinto e se entregava, mas na primeira ameaça sua lógica, assim como o cinto de segurança, a segurava pela cintura.
Presa pela lógica...
Entre a neblina e o farol dos carros reviveu. Sentiu o carinho esquecido subir à tona da memória, o sorriso e as lágrimas presas em alguma sala escura sendo revelados por um lapso. Por que havia se esquecido dos bons momentos? Por que os tinha escolhido? Por que viver entre fugir e ficar?
Dirigiu sua mente de forma defensiva e se preparou para colocar o cinto da lógica novamente, se preparava buscando um motivo para acreditar e nada mais. Desejando acreditar como os religiosos ou os ateus, cheios de convicção. 

Vivendo a busca, sofrendo em vão. Porque nem sempre precisamos ser racionais. 




 Gosto das minhas dúvidas tanto quanto das certezas. 








sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Um dedo de prosa, nada mais.

"Tempo, tempo mano velho..."


Amanheceu e eu não percebi. Na verdade já se passaram alguns dias desde que venho sofrendo do fato de não perceber os dias passarem, talvez eu tenha começado a viver os tão almejados dias de 25, 30 ou 50 horas. Amanhece, a Terra gira, o dia passa, a noite passa e eu só vejo que mais um dia se foi quando a madrugada chega e eu viro viajante errante entre os lençóis, mais perdida do que se estivesse caminhando pela rua de algum país em guerra, armada com uma caneta e assim pronta para desarmar uma bomba.







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Já se passaram alguns dias desde que eu aceitei o fato do ser humano ser cruel e gostar da dor. Um pouco difícil isso, mas coloquei a culpa na evolução. Peço desculpa aos estudiosos, mas vou viver e morrer sendo leiga até mesmo nas minhas próprias teorias, sou daquelas que desconfia de quem tem certezas demais. Certeza só Deus para ter, se é que ele não é feito de probabilidades e incertezas... Vai saber!
Convenhamos que um animal consideravelmente susceptível a ser destruído ou se auto destruir acabaria tendenciando à violência... Não sei explicar e pelo avançar da hora não faço questão de fazê-lo também.
Mas que faz sentido faz... apenas na minha cabeça.

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Coincidências são concebidas como coincidências pelo fato de nos confundir os pensamentos ou por confundirmos os pensamentos criamos a coincidência?

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Tenho escrito tanta besteira que me envergonho quando paro para ler...
Ando precisando de tempo para ser e estar mais uma vez.





"Tempo amigo seja legal
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final."



Paixão de narciso

Me atiro em meus braços, mergulho em abraços, caricias e beijos, escuto o coração acelerar e canto uma canção para me acalmar. Troco juras de amor eterno e sustento minhas lágrimas quando a tristeza invade. Olho para o espelho e vejo o reflexo do amor em meus olhos, as pupilas dilatadas e um sussurro que convida a me sentir bonita da hora que acordo a quando vou deitar.
Todo dia o amor cresce e a paixão não abranda.
Sou a pessoa dos meus sonhos, que me acompanha aonde vou, que me encoraja e suporta as minhas fraquezas, desfaz e refaz minha auto estima e me fortalece. Segura minha mão e acorda os meus sentidos. Me carrega, coloca no colo e leva aonde quer que eu queira ir.
Me atiro em meus braços, porque sou o meu bem querer.

Me apaixono por mim e só assim me salvo da discórdia do dia a dia.
Me salvo da ilusão e da realidade.

Apaixonada por mim sobrevivo e nada mais importa.
Nada mais importa.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Lembrete do dia



Sempre que algo der errado e você precisar fazer de novo lembre-se: Você está tendo a chance de fazer melhor!


;)



quarta-feira, 24 de julho de 2013

Dorgas


Algumas pessoas às vezes me perguntam se uso drogas ou se tomo algum tipo de bebida alucinógena, e geralmente eu respondo que não uso nada. Realmente, eu não preciso de nada para ter meus devaneios e momentos abstratos de loucura.
Apesar dos pesares venho observando que ouvir rock e algumas músicas em especial mexe um pouco com meu cérebro e com minha capacidade de concentração. Posso dizer que sinto minhas conexões trabalhando em uma frequência diferente... Seria esse o segredo?




"Deus me proteja de mim e da maldade de gente boa!"


Ando precisando de um banho de pipoca para tirar essa letargia de mim justo nos dias em que eu mais preciso estar bem de corpo e espírito.


Alguns conselhos e notas para os próximos dias de vida:
1) Seja digna de oportunidades, novas experiências e descobertas. Não queira ser digna de pena.
2) Sempre faça o seu melhor. Sempre!
3) Não deixe de colocar aquele evento besta no seu currículo, ele pode fazer toda a diferença.
4) Saia da cama mesmo quando não estiver com vontade de levantar.
5) Evite passar mais de um dia deitado e imerso na tristeza, a vida se resolve mais facilmente quando você encara os obstáculos.
6) Se estiver fácil demais aproveite para continuar dando o seu melhor.


"E eu rabisco o Sol que a chuva apagou..."







quinta-feira, 18 de julho de 2013

Mudanças

"Essa noite eu tive um sonho de sonhador, maluco que sou acordei..."

Já faz um tempo que não apareço por aqui e para ser sincera isso é um mal sinal, tenho pensado muito e escrito pouco.
Mas hoje não tive como deixar de registrar o que me ocorreu durante a noite.
Tenho sonhado fatos estranhos.
No penúltimo sonho que lembro havia uma espécie de igreja muito grande e com um pátio enorme a sua frente. A minha visão acompanhava dois meninos que ficavam perto da balaustrada e vez ou outra mudava de foco. Eu não consigo mais lembrar o que acontecia lá embaixo, mas sei que era algo ruim, permaneceu o sentimento de que alguém precisava de ajuda. Por fim, perto da hora de acordar vi a personificação do demônio e por estar conversando com os dois meninos eu acabei achando que eram anjos do inferno.
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Para ser mais exata, na madrugada de hoje, eu também tive outro sonho não muito normal...
Estava em um local amplo e muito parecido com o pátio da igreja que falei antes, a diferença é que ele visto de perto não tinha um chão por inteiro, eram diversos círculos ou semi-círculos sobrepostos e com uma altura considerável entre eles. Agora eu realmente estava no sonho e não apenas vendo. Havia inúmeras pessoas de branco dispersas pelo local, um cachorro que me acompanhava e eu não lembro mais porque, mas acho que seria sacrificado e um homem em particular que emanava algum tipo de energia diferente e conduzia as pessoas.
Em algum momento eu comecei a correr com o cachorro e fui perseguida pelo homem que conduzia as pessoas, corria desesperadamente. Depois de um tempo consegui chegar em uma casa e com o cão a salvo, era noite e eu morria de medo porque sabia que ele viria logo atrás em instantes.
Sai da casa e andando por uma rua cheia de árvores, vi um carro estacionado na calçada, grudado ao vidro da janela de trás um pássaro havia colado ali com seu próprio sangue, as pernas quebradas, morto. Foi então que eu reparei que por todo o chão havia pássaros mortos, massacrados e banhados em sangue, alguns sem a cabeça ou com esta aberta. Não havia nada dentro dos que estavam com a cabeça aberta, como se algo ou alguém tivesse retirado o pequeno cérebro. Andei mais um pouco e quando levantei o olhar vi que estava aos pés da escada de uma igreja.





quarta-feira, 3 de julho de 2013

Esse é dos outros



Um texto que não é meu, mas que eu gostaria de ter escrito.


Amores loucos deixam saudades.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Só, somente só



Gosto de ir andando porque dá tempo de pensar na vida.
Gosto de estar só para observar ao meu redor e conversar com pessoas que também conhecem e desfrutam o prazer do vagar solitário.
Gosto de ir sem muita espera, de não perguntar, apenas ir.







Toda vez que saio só, somente só, tenho uma sensação de leveza tamanha que me faz sentir parte da rua.
Pertencimento... é estranho, mas faz parte de mim.
Não sei o que me motiva sentir isso, só sei que é assim.





O Desconhecido

Era domingo, acho que oito ou oito e meia da manhã, havia acordado cedo para conseguir um ingresso por um real em um teatro da cidade. Como de costume fui sozinha e me mantive assim até chegar na fila.
Antes de completar quinze minutos parada reparei no desconhecido à minha frente... engraçado como fixei seu rosto na memória. Perguntei alguma coisa e nada mais, só que depois desse dia sempre o encontro nas ruas, na fila, na manifestação, no show underground, na lanchonete, à noite, pela manhã ou madrugada. 
Não nos apresentamos, mas passamos a nos cumprimentar com um aceno, como que para registrar a presença.
Não sei seu nome e provavelmente ele também não sabe o meu, pois ouvi outro dia ele comentar como "A Desconhecida"... Não tenho interesse em saber mais do que eu já sei sobre O Desconhecido, acho curioso essa relação de reconhecimento facial. 


É dito e certo, há desconhecidos que nós encontramos com mais frequência do que nossos próprios amigos. 

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Obs.: Já conheci outros Desconhecidos, mas como se fizesse parte do ritual, após saber o nome eu já não posso mais garantir que irei encontrar aquele rosto novamente. Talvez seja esse o mistério...



São João 2013

De repente, não mais que de repente...

Uma onda de manifestos surgiu pelo Brasil como o fogo surge quando alguém joga um pito de cigarro em brasa no mato seco. Sentimento de patriotismo exacerbado, como se uma paixão avassaladora invadisse o coração dos jovens, idosos, adultos e crianças. Paixão tão devastadora como amor à primeira vista, parece que nascemos um para o outro sem nem ao menos nos conhecermos, sem saber de onde você veio e para onde quero ir a paixão nos guia.
Sem foco, bandeira ou líderes a onda se espalhou como paixão violenta, e como foi violenta! Com direito a bombas e tiros, pedras e vinagre, caminhadas, facebook e engarrafamentos a paixão nos levou pelo braço traiçoeiramente para trás das grades da prisão física e mental, mas vale tudo por amor.
 'Psicodelicamente' fomos às ruas exigir o que nos é de direito, e sofremos como todo apaixonado sofre. Queremos a cabeça de quem fode com a amada e estupra-lhe os recursos, nos perdemos numa loucura desenfreada e quem irá nos acordar? Quem colocará o chão abaixo de nossos pés? Não sei... Só sei que enquanto a paixão não se definir em amor ou ódio, objetivos e convicções o movimento será como uma onda no mar...






Como já dizia Rita Lee... 
"Baby Baby

Não adianta chamar

Quando alguém está perdido

Procurando se encontrar
Baby Baby
Não vale a pena esperar
Oh! Não!
Tire isso da cabeça

Ponha o resto no lugar"



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Esses dias fui ao Pelourinho e como parte do trajeto está bloqueado devido à Copa das Confederações resolvi fazer o caminho andando. Por mera coincidência do destino no dia estava ocorrendo uma manifestação truculenta no Iguatemi e ao mesmo tempo o jogo do Brasil. Eram gritos de alegria e emoção que exalavam do estádio, enquanto a alguns quilômetros dali a polícia descia o cacete nos manifestantes. Durante o percusso passei por moradores de rua, cracolândias e pelos inúmeros grupos de policiais organizados estrategicamente pelo bairro. Tive o sentimento de estar numa guerra civil pelo porte da guarda armada. Mas e aí?! Eu me pergunto até onde vão os braços do movimento... O que muda para os miseráveis?
Quando grito que polícia é pra ladrão, pra estudante não, de alguma forma sutil proponho que a violência deve ser mantida, mas dai a César o que é de César! Pra classe média violência não... Para a malandragem da rua tudo. De que máquina reprodutora do sistema vieram os malandros da rua?
... E na minha caminhada, quando cheguei no meio da ladeira, o Brasil fez o segundo gol da partida e eu fiquei sem saber quem ganharia no grito, os manifestante ou os torcedores... Quem ganharia o quê nesse investimento de tempo e vida?.

No fundo, que nem precisa ser tão fundo assim, nossas ações não passam de reflexos mal elaborados dos anseios, preconceitos e angústias. Se o movimento é feito (aparentemente) por uma classe média emergente vou rezar para que não esqueçam as raízes e as mudanças de base. 

Mas vamos em frente que depois do primeiro passado é que começa a caminhada!



Sim, eu sou apaixonada pelo platônico e  a favor dos manifestos.



quarta-feira, 22 de maio de 2013

Cozinharam meu vizinho


Diariamente retorno para casa no início da noite, abro a porta, tiro os sapatos e sento no computador para repetir o que fiz no dia anterior, ler, tentar estudar e checar emails de cinco em cinco minutos, como se por algum motivo eu fazendo isso estaria conectada ao mundo e naquele exato momento receberia o email que durante as outras doze horas ninguém havia me enviado.
Entre oito ou nove horas da noite sinto o cheiro da maconha queimada pelo vizinho imersa nos compostos voláteis do incenso acendido, mas recentemente isso não tem acontecido. Já faz uma semana que nesse mesmo horário sinto o cheiro de carne humana sendo cozinhada. Não me pergunte como sei que é carne humana, apenas sei, inspirei profundamente aquele odor de epitélio e tecido adiposo em óleo quente e conclui instintivamente.

Já faz uma semana que o vizinho é frito na casa ao lado e eu não fiz nada para impedir, mas agora chega! Chega! Vou à polícia denunciar esse fato anonimamente, é óbvio. Você não acha que eu irei bater na porta e dizer "Oi! Tudo bom? Será que você poderia apenas dar o seu marido de comer aos gatos e jogar o resto no terreno baldio? Sabe, preferia mais aquela fumacinha de fumo e incenso...", com certeza depois disso eu seria a próxima vítima da frigideira e óleo reaproveitado.
Não aguento mais esse cheiro invadindo as minhas narinas todos os dias no meu horário de descanso. Quer cozinhar o marido? Ok, mas que faça isso quando eu não estiver em casa.

Fiquei curiosa para saber o motivo que levou a minha vizinha a cometer um ato tão curioso quanto este... Traição? Dívidas? Estresse? Não sei, só sei que fatos absurdos não impactam mais ninguém.