sábado, 26 de janeiro de 2013

Era pro concurso...mas deixa pra lá.

Olá, seres onipresentes e extra terrestres que ainda frequentam o meu blog! Obrigada pela companhia de vocês e fiquem a vontade para ler o meu protótipo de redação que deveria ter um mil e quinhentas palavras e concorrer a um prêmio, mas que por ironia do destino foi enviada incompleta e fora do prazo.

        
A beleza da raiz

A raiz negra traz intrinsecamente inúmeros símbolos, histórias, mitos e verdades, cultura, diversidade e geralmente grande desconhecimento entre aqueles que compartilham dessa raiz forte que nos invade e aflora pelos cabelos.

A mulher negra aprendeu quando criança que o seu cabelo crespo estava preso nos estigmas e modelos de beleza da sociedade, ela é livre perante a lei, mas para ser aceita fez-se necessário muitas vezes mudar a sua estética, alisar o cabelo. Um padrão no qual ela se viu sufocada, insegura e discriminada, por que toda vez que a sua raiz aparece, sua origem e sua história, ela precisa alisar apagando seus rastros.

Atualmente a mulher negra continua sofrendo preconceito quando assume o seu cabelo crespo, dizem que é desleixo, dentre tantos outros comentários presos ao desconhecimento da raiz. A ideia de cabelo ruim é algo que se remete, mesmo que inconscientemente, a época da escravidão, na qual a mulher negra e suas características eram vistas como algo inferior, a raiz crespa e volumosa como falta de cuidado e beleza.

Quando adolescente vive o drama de ser aceita, desconhece os mistérios da sua raiz e muitas vezes nunca a viu. Nunca viu o seu real reflexo no espelho! Só sabe que é ruim. Manter o alisamento faz com que um disfarce a cubra durante anos, muitas vezes sofrendo pelas reações químicas, machucando a sua pele e comprometendo a saúde. Um ato apoiado pela mídia, família, amigos, desconhecidos, pessoas que sem perceber carregam o preconceito durante anos. Quantas mulheres negras já nasceram, cresceram e envelheceram sem reconhecer sua imagem? A mesma história se repete mudando-se apenas a protagonista, mulheres que alisam o cabelo para o bem estar da sociedade.

Contudo, a resistência surge e pode-se ver nos dias atuais que ela emerge pelas mídias sociais e principalmente pela atitude de cada um. A mulher se assume, reconhece-se no espelho, descobre seu cabelo crespo, aprende a se amar quando finalmente começa a se libertar dos padrões e reconhece a sua história de força, luta e perseverança. Cada dia uma vitória. Reconhecer a raiz crespa vai além de um ato estético, é um ato político que representa um desvio nos padrões, o reconhecimento e respeito pela diversidade, pois cada crespo é único, assim como a história da mulher que o mantém.

A confiança do seu poder de transformação retorna quando a mulher assume por inteiro o significado de ser crespa, e demonstra apenas em existir que a sua natureza é bela e repleta de esplendor. É necessário seguir em frente e manter a cabeça em pé, enfrentar os desafios que aparecerão e se descobrir a mulher que sempre desejou ser tendo orgulho de sua raiz.


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