sexta-feira, 6 de maio de 2011

De dentro do espelho...

Sentada no sofá ela olhava atentamente as coisas que a rodeavam, da costura da almofada a forma da cadeira.

A rua onde a casa está, quando chega à noite, fica tão silenciosa que até a voz dela que quase já não se escuta pode ser distinguida e entendida.
Levantou, andou pela casa, mexeu nas gavetas e cuspiu no chão. Céus! Não é pra cuspir no chão, mas não adianta falar, em dez minutos a cena se repete sem que se note a interrupção do comentário.
A casa por todos os lados tem espelhos... Ela não quer mais passar pelos espelhos, diz que há uma pessoa ali olhando na sua direção. Tentei mostrar que era ela mesma e na hora em que olhou tomou um susto dizendo, Agora são duas pessoas, pois é... Não podia dizer que estava errada, como então explicar que ali éramos nós se em dias comuns eu também converso com o espelho como se fosse qualquer outra pessoa a me olhar?

Tirei o espelho da parede e agora ele descansa em cima do guarda-roupa.

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Randômico

Escrever é como libertar esse outro eu que existe em nós, assim como dançar sem ter de se preocupar com os comentários, talvez como gritar sem abafar com o travesseiro.

Escrever é uma expressão sublime das sensações da alma. Perde-se o controle das palavras proferidas pelos dedos enquanto teclam; perde-se a guia dos pensamentos, teimosos como uma criança... Enfim, nos perdemos dentro de nós mesmos.

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