terça-feira, 5 de novembro de 2024

Estou com sintomas de saudades

Depois de um intervalo enorme sem escrever no blog, voltei. Não sei se voltei pra ficar, mas com certeza aqui, aqui é o meu lugar.

Por um acaso do destino, daqueles que não são mera coincidência, me lembrei que eu gosto de escrever, mas que nos últimos anos tenho visitado cada vez menos meus momentos de escrita livre e desabafos. 2024 com todo seu charme me virou de cabeça para baixo e nesse sacolejar apareceram inúmeras coisas que eu gosto de fazer e que foram deixadas para trás. Ouvir música, dançar e cantar sem medo de fazer barulho, olhar para o céu sem compromisso, ler simplesmente por ler, e me encantar pela diversidade e caos do mundo são algumas delas.  


Mudamos ao longo do tempo e as vezes nem percebemos que aquilo que deixamos de lado era o motivo de sorrisos, o que nos mantinha seguindo com a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.

Os dias vão passando e quando vemos o que antes fazia todo sentido para nós fica esquecido dentro da gaveta. A poeira do tempo vai tomando conta, e hábitos, rotinas, vão sendo esquecidos como que envoltos em neblina. 

Quanto tempo leva para lembrar o que nos faz bem e ficou para trás?

Um dia, como que por acaso tropeçamos em acontecimentos que nos lembram aquilo que faziamos com tanta disposição. Como se o universo desse em um empurrãozinho em nos recordar o que nos aproxima da nossa essência, o que nos faz perder a hora de dormir sem tomar café. Ele lembra o que te move com prazer, sem esforço, como que em um grande fluxo.

O que te move com prazer?


Respiro entre uma palavra e outra como quem volta a andar de bicicleta depois de aprender na infância. A delícia do vento passando pelo rosto e a sensação de que não se esquece aquilo que se ama. Da mesma forma, os dedos no teclado se deliciam em ver as palavras surgindo na folha em branco, como que saudosos abraçam até os tropeços de uma pessoa enferrujada.


Estou com sintomas de saudade

Saudades de mim. Saudades do que esqueci.



Obs.: Para o/a leitor/a de plantão, recomendo os textos com a memória fresca de músicas brasileiras. Algumas frases vão soar melhor assim.



É preciso saber viver

Na contracapa da vida, em letras miúdas e quase no rodapé está escrito,

"Enquanto respirar, lembre-se, é sobre-viver

sobre

viver"

Pensei então com meu botões, sobre viver, não é apenas sobreviver. É sobre estar no tempo imensurável e espaço in-finito incompreensível a mente humana de uma forma que vai além da sobrevivência, algo a mais do que a busca pela água, comida e abrigo. 

É sobre-a-vivência. 

Me arrisco a dizer que é mais o Como, do que o por que, quando e para quê.

Mas como viver onde exigem que só sobrevivemos?