segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Aquilo que não é meu

Inúmeras vezes somos dominados por uma emoção que não é nossa. Aquela sensação que sobe de repente pela nossa cabeça e nos apodera como raiva, tristeza, vontade de gritar, chutar, ser arrogante, destruir, quebrar. De repente. De repentemente essa emoção chega. Não sabemos o motivo dela iniciar, ela simplesmente se apodera de nós.

Choro e quando me perguntam o motivo eu não sei explicar. Quero bater portas e janelas, quebrar os vidros, mas não sei a razão. Lembro de quando era criança e passava por essas situações sem explicação. Praticamente todas as vezes eu inventava um motivo para as emoções inexplicáveis, visto que ninguém aceita choro sem motivo nem raiva sem razão.

Foi então que descobri que essa emoção não era minha. Nunca foi. Nunca será. Ela chega de outros que estão ao meu redor, ela vêm no tom de voz, na narração do dia estressante, cheio de gritos e raiva.

Essa emoção não é minha. 

Junto com a raiva e a tristeza vêm um aperto no coração, enjoo, uma pressão na cabeça ou na nuca. Essa emoção não é minha, repito mais uma vez para poder afirmar ao meu coração que se acalme, não se identifique e que isso vai passar. Assim como veio, irá embora.

Muitas vezes por estarmos perdidos em nossos pensamentos não nos damos conta do que ocorre ao nosso redor, muito menos da origem das nossas emoções. Várias vezes estamos tranquilos, mas ao nos aproximarmos de uma pessoa ansiosa ou nervosa acabamos sentindo as mesmas coisas e partilhamos inconscientemente suas emoções, as levamos para casa e reproduzimos em amigos e familiares.
Contudo, quando começamos a observar a nós mesmos, nossos pensamentos, emoções, ações, palavras... Fica ligeiramente mais fácil detectar quando uma emoção externa começa a nos apoderar. Ela chega como uma pedra jogada em águas tranquilas. Quando estamos observando podemos detectar a pedra chegando, o movimento que provoca na água e como que por instinto nos afastamos do atirador de pedras. Mas se estivermos imersos em nossos pensamentos e devaneios, a pedra atirada, por menor que seja vira um monstro. Reagimos durante horas a esse evento que como por encanto iniciou.

Sabe Deus de nossas limitações e sabemos nós o que mora em nosso interior.

Essa emoção não é minha. Nem nunca será.





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